05 maio 2011

Protozoários

O Reino Protista agrupa organismos eucariontes, unicelulares, autótrofos e heterótrofos. Neste reino se colocam as algas inferiores: euglenófitas, pirrófitas (dinoflagelados) e crisófitas (diatomáceas), que são Protistas autótrofos (fotossintetizantes). Os protozoários são Protistas heterótrofos.
Eles habitam a água e o solo. Este reino é constituído por cerca de 65.000 espécies conhecidas, das quais 50% são fósseis e o restante ainda vive hoje; destes, aproximadamente 25.000 são de vida livre, 10.000 espécies são parasitos dos mais variados animais e apenas cerca de 30 espécies atingem o homem (TORTORA, 2000).


É uma única célula que, para sobreviver, realiza todas as funções mantenedoras da vida: alimentação, respiração, reprodução, excreção e locomoção. Para cada função existe uma organda própria, como, por exemplo:

-cinetoplasto: provavelmente é uma mitocôndria especializada, sendo muito rico em DNA;

-corpúsculo basal: base de inserção de cilios e flagelos;

-reservatório: supõe-se que seja um local de secreção, excreção e ingestão de macromoléculas, por pinocitose;

-lisossoma: permite a digestão intracelular de partículas;

-aparelho de Golgi: síntese de carboidratos e condensação da secreção proteica;

-reticulo endoplasmático: a) live—síntese de esteroides; b) granuloso—síntese de proteínas;

-mitocôndria: produção de energia;

-microtúbulos: movimentos celulares (contração e distensão);

-flagelos, cílios, membrane ondulante e pseudopodos: locomoção;

-axonema: eixo do flagelo;

-citóstoma: permite ingestão de partículas

Cada organela é mais ou menos semelhante nas varias espécies, entretanto, ocorrem pequenas diferenças que podem ser observadas ao microscópio óptico ou unicamente ao microscópio eletrônico. Aliás, hoje, a protozoologia só pode ser bem estudada à luz do microscópio eletrônico e da bioquímica e fisiologia celular.

Quanto a sua morfologia, os protozoários apresentam grandes variações, conforme sue fase evolutiva e meio a que estejam adaptados. Podem ser esféricos, ovais ou mesmo alongados. Alguns são revestidos de cílios, outros possuem flagelos, e existem ainda os que não possuem nenhuma organela locomotora especializada.

Dependendo da sua atividade fisiológica, algumas espécies possuem fases bem definidas. Assim, temos:

Trofozoíto: É a forma ativa do protozoário, na qual ele se alimenta e se reproduz, por diferentes processos.

Cisto: É a forma de resistência ou inativa. O protozoário secreta uma parede resistente (parede cística) que o protegerá quando estiver em meio impróprio ou em fase de latência. Freqüentemente há divisão nuclear interna durante a formação do cisto.

Gameta: É a forma sexuada, que aparece em algumas espécies. O gameta masculino é o microgameta, e o feminino é o macrogameta.


Reprodução

Encontramos os seguintes tipos de reprodução:

Assexuada

divisão binária ou cissiparidade;

brotamento ou gemulação;

esquizogonia: é uma fissão múltipla; o núcleo se divide múltiplas vezes antes da célula se dividir. Após a formação de vários núcleos, uma pequena porção do citoplasma se concentra ao redor de cada núcleo e então, uma única célula se separa em células-filhas (www.terravista.pt/bilene/5547/biologia/Celula/Protoz23.htm).

Sexuada

Existem dois tipos de reprodução sexuada:

conjugação: união temporária de dois indivíduos, com troca mútua de materiais nucleares.

singamia ou fecundação: união de microgameta e macrogameta formando o ovo ou zigoto, o qual pode dividir-se para fornecer um certo número de esporozoítos. O processo de formação de gametes recebe o nome de gametogonia e o processo de formação dos esporozoítos recebe o nome de esporogonia (TORTORA, 2000).

Nutrição

Quanto ao tipo de alimentação, os protozoários podem ser:

holofíticos ou autotróficos: são os que, a partir de grãos ou pigmentos citoplasmáticos (cromatóforos), conseguem sintetizar energia a partir da luz solar (fotossíntese);

holozóicos ou heterotróficos: ingerem partículas organicas, digerem-nas (enzimas) e, posteriormente, expulsam os metabólitos. Essa ingestão se dá por fagocitose (ingestão de partículas sólidas) ou pinocitose (ingestão de partículas líquidas);

saprozóicos: "absorvem", substancias inorganicas, já decompostas e dissolvidas em meio líquido;

mixotróficos: quando são capazes de se alimentar por mais de um dos métodos acima descritos.


Digestão

Nas espécies de vida livre há formação de vacúolos digestivos. As partículas alimentares são englobadas por pseudópodos ou penetram por uma abertura pré-existente na membrana, o citóstoma. Já no interior da célula ocorre digestão, e os resíduos sólidos não digeridos são expelidos em qualquer ponto da periferia, por extrusão do vacúolo, ou num ponto determinado da membrana, o citopígio ou citoprocto (www.biomania.com.br/protista).

Respiração

Podemos encontrar dois tipos fundamentais:

aeróbicos: são os protozoários que vivem em meio rico em oxigênio;

anaeróbicos: quando vivem em ambientes pobres em oxigênio.

Locomoção

A movimentação dos protozoários é feita com auxílio de uma ou associação de duas ou mais das organelas abaixo:

Pseudópodes: são expansões citoplasmaticas transitórias que a célula emite para se locomover e capturar alimentos.

Flagelos: são prolongamentos da cutícula formando filamentos longos. São dotados de movimentos ondulatórios e serpenteados, permitindo o deslocamento da célula e a captura de alimento.

Cilios: tem as mesmas estruturas do flagelos, diferindo por serem menores e aparentemente em grande número, movimentando-se em conjunto. Seu batimento produzem uma corrente que facilita a captura de alimentos e locomoção.


Como os protozoários são um grupo grande e diverso, esquemas atuais de classificação das espécies de protozoários em filos e subfilos são baseados na motilidade, superfície celular, estruturas para alimentação, estrutura nuclear, e até a presença de bactérias simbióticas (TORTORA, 2000).

Seu filos são: Mastigosphora (flagelados), como Trypanossoma, Giardia, Leishmania; Sarcodina, como as amebas; Ciliophora (ciliados), como o Paramecium; Sporozoa, como o Plasmodium, Toxoplasma; Euglenoides, como as euglenas.

Doenças causadas por protozoários

Muitos protozoários causam doenças nos seres humanos. Entre elas, estão a amebíase ou disenteria amebiana, a doença de Chagas, a úlcera de Bauru, a giardíase e a malária.

O homem adquire a amebíase ou disenteria amebiana ao ingerir água ou alimentos contaminados por uma ameba, a Entamoeba histolytica. Esta ameba parasita principalmente o intestino grosso dos seres humanos, onde provoca ulcerações e se alimenta de glóbulos vermelhos do sangue. No intestino, essa ameba se reproduz assexuadamente por cissiparidade e, algumas delas, formam cistos, estruturas que possuem uma membrana resistente e que contêm alguns núcleos celulares. Eliminados com as fezes, os cistos podem contaminar a água e alimentos diversos, como as verduras. Se forem ingeridos, esses cistos se rompem no tubo digestivo, libertando novas amebas, que recomeçam um novo ciclo. As pessoas com amebíase eliminam fezes líquidas, às vezes com sangue e quase sempre acompanhadas de fortes dores abdominais. Para evitar essa doença é necessário ferver a água que se vai beber e lavar muito bem as verduras e frutas, além de cuidados higiênicos, como a lavagem de mãos, principalmente antes das refeições (www.portalbrasil.net/educacao_seresvivos_protistas.htm).

A doença de Chagas é causada pelo tripanossomo (Trypanosoma cruzi), protozoário que vive no intestino de um percevejo sugador de sangue, conhecido popularmente como barbeiro. Esse percevejo vive em frestas de paredes, chiqueiros e paióis. À noite, saem de seus esconderijos e vão sugar o sangue das pessoas que dormem. Quando alguém é picado pelo percevejo pode contrair a doença da seguinte forma: durante a picada, o barbeiro infestado elimina fezes contendo o tripanossomo. Coçando o local da picada, a pessoa espalha as fezes do barbeiro e introduz o parasita em seu organismo, através do pequeno orifício feito pela picada. Uma vez na corrente sangüínea, o tripanossomo atinge o coração. Ali ele se fixa, podendo causar a morte da vítima. As principais medidas para evitar a doença de Chagas consistem em substituir moradias de barro e de madeira por outras de tijolos, que não tenham frestas onde o barbeiro possa se esconder; e exigir, em transfusões de sangue, a garantia de que o sangue doado não esteja contaminado com tripanossomos.


Doença que ataca a pele e as mucosas dos lábios e do nariz produzindo muitas feridas, a úlcera de Bauru é provocada pela Leishmania brasiliensis, um protozoário parecido com o tripanossomo. Transmitida pela picada do mosquito flebótomo, a doença é conhecida com esse nome, porque foi muito comum na cidade de Bauru, em anos passados.

Provocada pela giárdia (Giardia lamblia), flagelado que parasita o intestino humano, a doença geralmente causa fortes diarréias, podendo levar o doente à desidratação. É transmitida através de água e alimentos contaminados pelo protozoário. Evita-se essa doença com as mesmas medias utilizadas contra a amebíase.

A malária é provocada por protozoários do gênero Plasmodium e é transmitida ao homem por meio da picada do mosquito, anófele, ao sugar-lhe o sangue para se alimentar. Durante a picada, o mosquito libera saliva, que contém o protozoário plasmódio. Então o parasita entra no sangue da pessoa e se instala em órgãos diversos, como o fígado e o baço, onde se multiplica. Após um certo período, os parasitas retornam ao sangue e penetram nos glóbulos vermelhos, onde voltam a se multiplicar. Os glóbulos parasitados se rompem liberando novos protozoários que passam a infectar outros glóbulos vermelhos. A malária provoca febre muito alta, que coincide com os períodos em que os parasitas arrebentam os glóbulos vermelhos, liberando toxinas na corrente sangüínea. Se não for combatida pode causar a morte do doente. A pulverização de córregos, lagoas e poças de água parada, com inseticida, é uma das maneiras de combater os mosquitos transmissores da malária. É na água que os mosquitos põem seus ovos para se reproduzirem.

A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. A transmissão se dá por contato com animais domésticos - principalmente gatos - ou por suas fezes. As fezes dos gatos podem conter cistos (formas resistentes) do parasita, que são disseminados por animais, como moscas e baratas. O homem adquire a doença quando ingere diretamente o cisto ou carne mal cozida que o contenha.Os sintomas da doença são, na maioria das vezes, muito semelhantes aos de várias outras doenças: mal-estar, febre, dores de cabeça e musculares, prostração e febre que pode durar semanas ou meses. Após alguns dias há também aumento dos gânglios linfáticos em todo o corpo. Normalmente, a doença evolui de forma benigna e desaparece sem deixar seqüelas no organismo. Às vezes, porém, pode causar lesões oculares, com perda parcial ou quase total da visão. Daí sua gravidade. Em mulheres grávidas, o protozoário pode atingir o feto, provocando-lhe cegueira, deficiência mental e até mesmo a morte.

Trichomonas vaginalis é responsável pela doença chamada tricomoníase, é encontrado na vagina e no trato urinário masculino. Normalmente é transmitido pelo contato sexual, mas também pode ser transmitido em banheiros e por toalhas.


Os protozoários na biotecnologia

Depois das bactérias, os protozoários são os organismos mais numerosos no lodo ativado, quando se tem boas condições de operação do processo. O principal grupo de protozoários encontrados nos lodos ativados são ciliados. Eles normalmente representam aproximadamente 5% do peso seco dos sólidos em suspensão presentes no tanque de aeração. Em ordem decrescente, segundo o Water Pollution Research Laboratory (W.P.R.L.), as espécies encontradas no processo de lodos ativados são: Aspidisca costata; Vorticella alba; Opercularia coarctata; Trachelophyllum pusillum, Vorticella striata; Vorticella microstoma; Chilodonelha uncinata; Vorticella convallaria; Uronema nigricans; Epistylis plicatilis; Hemiophrys plenrosigma; Aspidisca lynceus e Colpoda.

Experiências desenvolvidas no W.P.R.L. (Inglaterra) permitiram concluir que os protozoários tem uma bem definida e útil participação no processo de lodos ativados. Na ausência de protozoários, um grande número de bactérias que não floculam e conseqüentemente não sedimentam, seguem com o efluente final do processo, porém decresce grandemente quando uma população de protozoários ciliados está presente nos lodos. Pesquisas efetuadas pelo W.P.R.L. também sugerem que a ação predatória por parte dos protozoários é o principal mecanismo pelo qual as bactérias livres são removidas do efluente, enquanto que a indução da floculação pelos protozoários é de importância secundária. Portanto, os protozoários teriam una função importante na clarificação do efluente do processo. Em relação à qualidade do efluente final a identificação de certos tipos de protozoários pode fornecer informações de interesse. Em geral, a presença de protozoários flagelados e de rizópodes indicam que o efluente final não é de boa qualidade. Existem, porém, exceções como por exemplo a Arcella, que é um rizópode indicativo de efluentes que sofreram nitrificação e, pois, de boa qualidade. Outro gênero de rizópode, Amoeba, também é muito comum em lodos de sistemas com efluentes de boa qualidade.

Muitas espécies de Vorticella, um ciliado pedunculado, ocorrem em lodos de sistemas eficientes, juntamente com Opercularia. Aspidisca e Lionotus, porém, a presença de Vorticella microstoma no lodo é comumente associada a sistema de baixa eficiência. Aspidisca costata, presente no lodo, indica boa nitrificação do processo, uma vez que se alimenta de bactérias nitrificadoras. Paramecium caudatum, um ciliado característico de lodos de sistemas não muito eficiente, às vezes aparece em lodos de sistemas de alta eficiência, porém, sua concentração oscila intensamente.

Referências Bibliográficas

, acesso em 30 de junho de 2004.

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, acesso em 30 de junho de 2004.

, acesso em 30 de junho de 2004.

TORTORA, G. J., et al. Microbiologia. 6ª ed. Porto Alegre: Artemed, 2000.

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